Na busca por resultados e melhoramento de processos, as empresas têm adotado várias metodologias e abordagens de gerenciamento para analisar e avaliar o desempenho dos colaboradores. Uma dessas abordagens é a gestão por medição, que enfatiza o uso de métricas e dados quantitativos para avaliar o desempenho dos colaboradores e orientar a tomada de decisões.
Embora essa abordagem ofereça vantagens em termos de clareza e dados numéricos, é fundamental reconhecer que a gestão por medição não é o único caminho para avaliar o desempenho dos colaboradores. Esse artigo explora o conceito da Cultura do Gerenciamento por Medição, analisa possíveis impactos negativos dessa cultura para os resultados da empresa a longo prazo e destaca perspectivas alternativas que podem trazer um olhar mais sistêmico na medição dos resultados.
O que é a Cultura do Gerenciamento por Medição?
A Cultura do Gerenciamento por Medição refere-se à Cultura de um ambiente organizacional que preza o uso de métricas quantificáveis e indicadores de desempenho para avaliar a performance individual dos colaboradores, da equipe e da organização como um todo.
Ela envolve o estabelecimento de metas de desempenho claras, o acompanhamento do progresso por meio de indicadores-chave de desempenho (KPIs) e a utilização de insights orientados por dados para tomar decisões informadas para impulsionar a melhoria contínua. Essa Cultura promove, principalmente, o foco em resultados. Dessa forma, ela acaba não mensurando desempenhos intangíveis, muitos dos quais são fundamentais para garantir um ambiente de trabalho humanizado, harmônico com pessoas engajadas, produtivas e conectadas com a Cultura e os propósitos maiores do negócio.
Além disso, uma ênfase somente em métricas quantificáveis pode levar a um foco excessivo em metas a curto prazo e resultados imediatos, negligenciando objetivos estratégicos de longo prazo. Esse foco excessivo a curto prazo pode atrapalhar a inovação, desencorajar a tomada de riscos e evitar que novas oportunidades surjam e sejam aproveitadas.
Na Cultura do Gerenciamento por Medição também existe o risco de colaboradores e equipes se concentrarem em alcançar metas a todo custo em detrimento da boa convivência, da cultura do negócio e consequentemente do seu sucesso organizacional. O alcance de metas a todo custo muitas vezes é estimulado por um ambiente de trabalho tóxico, competitivo e que leva a práticas antiéticas. Esse ambiente, portanto, prioriza resultados individuais em detrimento de esforços colaborativos, resultando em perda de confiança por parte dos colaboradores, perda de talentos, falta de inovação e declínio na eficácia geral da organização.
Como a Cultura do Gerenciamento somente por Medição impacta negativamente a performance do colaborador?
Como vimos acima, a avaliação somente por medição pode criar um ambiente de trabalho tóxico, competitivo e de alta pressão que, por sua vez, pode levar à desmotivação e esgotamento dos profissionais que fazem parte da organização.
Quando os indivíduos estão focados em atingir metas a todo custo, eles podem acabar negligenciando o crescimento pessoal, a criatividade e o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional. Consequentemente, isso afeta o bem-estar e a produtividade geral da organização.
E não é só isso, uma avaliação baseada somente em métricas pode impactar os resultados financeiros da organização a longo prazo. Recentemente, recebemos um relato de uma gerente regional sobre a dificuldade em trabalhar a cultura organizacional dentro de uma empresa somente focada em métodos de avaliação quantificáveis.
A gerente regional entendeu a importância da cultura e fez um intensivo trabalho neste sentido dentro de todas as filiais de sua responsabilidade. Porém, ficou frustrada ao perceber que todo este trabalho não foi levado em consideração na sua avaliação de desempenho, que é exclusivamente construída com base em métricas quantitativas.
Esta forma de avaliação não incentiva os líderes a trabalharem questões tão relevantes como a cultura organizacional, por terem um caráter intangível e qualitativo. Consequentemente, isso impacta no próprio desempenho do profissional e, por último, nos resultados financeiros do negócio a longo prazo.
Por que a gestão por medição não é suficiente para analisar o desempenho da equipe e da empresa?
Embora a Cultura do Gerenciamento por Medição ofereça informações valiosas sobre o desempenho, é essencial reconhecer suas limitações e considerar uma abordagem conjunta.
A gestão somente por medição pode acabar negligenciando o fator humano da organização, as habilidades e as contribuições de cada profissional e a questão cultural. Assim, confiar apenas em métricas quantitativas pode ignorar aspectos qualitativos críticos para o desempenho, como um ambiente de trabalho saudável, engajamento dos colaboradores, potencialização dos talentos, conexão entre as pessoas e a Cultura Organizacional, aumento da produtividade e do esforço, entrega mais alinhada para o cliente, etc.
Uma Cultura Organizacional positiva, que olha tanto para aspectos quantitativos, quanto para os qualitativos, tem maior chance de promover um ambiente de trabalho mais agradável e solidário, que impulsiona a inovação e ainda olha para a importância dos relacionamentos, do trabalho em equipe e da inteligência emocional dos colaboradores.
Lembrando que a nossa proposta aqui é gerar uma reflexão sobre os riscos de ter uma cultura de avaliação somente por métricas quantitativas, sem avaliar também as qualitativas. Veja que, ao introduzir uma avaliação também do alinhamento cultural, das competências, dos comportamentos, etc., a empresa não está comprometendo seus resultados, pelo contrário, está garantindo a sua sustentação a longo prazo, já que a soma dos dois modelos amplia a percepção do que, de fato, está acontecendo na empresa, garantindo os resultados futuros.
De acordo com um artigo publicado pela Forbes em 2021, organizações que possuem uma Cultura fortalecida tiveram um aumento de 4x no crescimento de suas receitas. Além disso, as empresas que apareceram na lista anual das 100 melhores empresas para trabalhar da Fortune também viram seus lucros médios anuais aumentarem, com retornos acumulados de até 495%. Isso comprova que as avaliações da equipe precisam sempre analisar Desempenho x Potencial x Cultura.
Mas como mensurar o impacto da Cultura na organização?
Olhe para a sua Cultura: como está a disseminação da sua Cultura Organizacional? Como as lideranças têm transmitido os valores e propósitos da organização? Qual é o percentual de funcionários treinados na Cultura da empresa? Olhar primeiramente para a Cultura e o quanto os colaboradores estão engajados é fundamental para avaliar o quanto ela é presente e impacta os resultados do negócio. Existem alguns indicadores que podem apoiar a sua organização neste processo, veja abaixo alguns deles:
Ciclo de Desenvolvimento do Colaborador: tem como objetivo alinhar, acompanhar e melhorar a performance do desempenho da equipe, trabalhando para a melhoria dos processos da organização como um todo e o fortalecimento cultural. Esse tipo de alinhamento identifica e analisa o alcance de metas e o comportamento dos colaboradores durante um determinado período de tempo e pode ser feito através de processos de autoavaliação, avaliação pelas lideranças e até mesmo avaliação conjunta, em que avaliador e o avaliado analisam conjuntamente as suas performances.
PDIC: Plano de Desenvolvimento Individual e Coletivo: realizado dentro do Ciclo de Desenvolvimento do Colaborador, permite a construção de caminhos individuais e coletivos para apoiar o colaborador a estar cada vez mais alinhado com a sua missão e descritivos de cargo, com as metas estabelecidas pelo líder, com as competências necessárias para desempenhar o seu papel e com os comportamentos alinhados a Cultura Organizacional.
Avaliação matriz Nine Box: uma das principais ferramentas de avaliação de desempenho usada atualmente pelas empresas de grande porte, a matriz nine box, possui indicadores de desempenho e potencial com foco em avaliar a performance e o comportamento do colaborador. Ao permitir uma análise holística das competências do colaborador, a nine box pode ajudar a definir os próximos passos do profissional dentro da organização. Por exemplo: um profissional com alto desempenho pode ser a pessoa indicada a ocupar um cargo de liderança, ao mesmo tempo em que um colaborador que apresenta baixo desempenho pode ser realocado a outra posição que mais se adeque ao seu perfil.
Índice de satisfação dos funcionários: é possível avaliar a satisfação dos funcionários por meio de pesquisas internas, como questionários, que mensuram o engajamento no trabalho, relações interpessoais e os pontos chave para a construção de um ambiente de trabalho saudável.
Uma Cultura fortalecida não é algo que se pode construir da noite para o dia. Ela precisa de clareza a respeito da Identidade Cultural, de uma liderança forte que engaje os colaboradores a contribuir positivamente para os resultados da empresa, de uma Jornada do Colaborador bem estruturada (e acontecendo na prática), do Ciclo de Desenvolvimento do Colaborador para apoiá-lo na sua trajetória e evolução dentro da empresa e de todos os elementos necessários para sustentar a cultura a longo prazo.
Nós, do Instituto Mudita, podemos te apoiar com todas essas fases e elementos fundamentais para o Fortalecimento da Cultura Organizacional e para o aumento da performance da sua equipe, somando uma gestão por métricas e também por cultura e competências.
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