Você já parou para pensar no impacto que a saúde mental dos colaboradores tem sobre o desempenho do seu negócio? Com a entrada em vigor da nova NR-01, cuidar do bem-estar psicológico deixou de ser apenas uma escolha para se tornar uma exigência clara da legislação trabalhista. Mas os motivos para agir vão além do cumprimento das normas: a falta de atenção ao tema tem custado bilhões às empresas brasileiras em afastamentos, queda de produtividade, clima tóxico e perda de talentos estratégicos.
Neste artigo, reunimos dados alarmantes, histórias reais e caminhos práticos para que líderes e empreendedores possam construir ambientes de trabalho mais saudáveis, humanos e competitivos. Descubra o que muda na lei, os riscos reais para o seu negócio e quais ações são indispensáveis para proteger não só a saúde dos colaboradores, mas também a sustentabilidade e a reputação da sua empresa. Não espere o problema bater à sua porta: prepare-se e faça da cultura do cuidado um diferencial para o futuro do seu time e da sua organização.
Com as atualizações na NR-01 entrando em vigor em maio de 2025, as empresas são chamadas a reconsiderar suas práticas de saúde mental no ambiente de trabalho. Esta norma, que sempre focou na segurança e saúde ocupacional, agora destaca a importância do bem-estar psicológico. Essa ênfase não é apenas uma exigência legal; reflete uma mudança cultural mais ampla na sociedade, onde a saúde mental é vista como parte fundamental da eficiência e produtividade, ou seja, integrar a saúde mental nas políticas e práticas empresariais representa a chance de reconhecer os colaboradores como indivíduos integrais, promovendo um ambiente que apoie tanto o crescimento pessoal quanto profissional.
A nova redação da NR-01 deixa explícito que o zelo pelo bem-estar psicológico se tornou uma obrigação prática para todas as empresas, não apenas um tema de sensibilização. Agora, os Programas de Gerenciamento de Riscos (PGR) deverão contemplar o mapeamento, prevenção e mitigação dos riscos psicossociais, tornando obrigatório que o empreendedor revisite processos, rotinas, políticas e comunicação.
Isso significa implementar avaliação constante do clima organizacional, capacitar líderes para identificar sinais de sofrimento, atuar preventivamente em casos de assédio e promover canais seguros de escuta, a fim de cumprir a legislação e proteger a empresa de possíveis passivos trabalhistas. Adaptar-se inclui rever políticas internas, formalizar protocolos para acolhimento e suporte, e investir em ações contínuas de promoção do bem-estar da equipe. O empreendedor que se adiantar nesse movimento estará mais preparado para as fiscalizações que virão, além de construir uma organização mais humanizada e inovadora.
Neste sentido, as empresas podem adotar diversas estratégias para se adequar à NR-01, como a implementação de programas de apoio psicológico e treinamentos específicos. Porém, a transformação cultural é a mais eficaz e duradoura. A cultura organizacional define as normas e valores que guiam o comportamento diário. Por isso, quando uma empresa integra a saúde mental em sua cultura, ela cria um ambiente sustentável, onde os colaboradores se sentem seguros e valorizados em todas as etapas e relações de trabalho.
Ao invés de serem soluções temporárias, essas práticas culturais se tornam parte do DNA da organização, garantindo que o bem-estar dos colaboradores seja constantemente priorizado e cultivado.
Este investimento em cultura é uma estratégia profunda que garante além de diferencial competitivo, aumento de produtividade, maior atração e permanência dos talentos, aumenta do engajamento, pertencimento e muitos outros pontos também é fundamental para alcançar um ambiente de trabalho cada vez mais saudável para todos os colaboradores inclusive os próprios sócios e fundadores.
O impacto da saúde mental nos negócios
O Relatório Mundial de Saúde Mental divulgado em 2022 pela OMS (Organização Mundial da Saúde) chamou a atenção para a importância e urgência do olhar para a saúde mental no ambiente do trabalho. Segundo o relatório, “estima-se que anualmente 12 bilhões de dias de trabalho são perdidos por causa de depressão e ansiedade, custando à economia global quase 1 trilhão de dólares. Além disso, 15% dos adultos em idade laboral sofreram com algum transtorno mental no período.”
No Brasil, dados da Organização Internacional do Trabalho apontam que os benefícios por incapacidade temporária associados à saúde mental no trabalho mais do que dobraram no último biênio, passando de 201 mil em 2022 para 472 mil em 2024 (aumento de 134%). Entre os casos, destacam-se afastamentos acidentários por reações ao estresse (28,6%), ansiedade (27,4%), episódios depressivos (25,1%) e depressão recorrente (8.46%). Quanto aos afastamentos em geral, destacam-se como predominantes os episódios depressivos (25,6%), a ansiedade (20,9%) e a depressão recorrente (12,0%). Ainda nesse sentido, segundo o estudo divulgado pelo Valor Econômico, o Brasil perde em média R$ 230 bilhões ao ano em produtividade (quase 4,7% do PIB) devido a problemas de saúde mental não tratados no ambiente corporativo.
O ambiente de trabalho muitas vezes serve como um espelho das questões sociais mais amplas, amplificando problemas como discriminação e desigualdade. Essas questões se manifestam de maneira intensa no dia a dia corporativo, afetando negativamente a saúde mental dos colaboradores. Entre as principais queixas estão o bullying e a violência psicológica, conhecidos como assédio moral, que criam um clima de medo e insegurança. Essas práticas não apenas minam o bem-estar individual, mas também corroem a coesão e a produtividade das equipes, destacando a necessidade urgente de ambientes de trabalho mais inclusivos e respeitosos.
Para o empreendedor, RH ou líder que ainda acredita que saúde mental é um assunto distante da sua rotina, a realidade tem se mostrado diferente. Imagine o colaborador em quem você mais confia, altamente talentoso, alguém estratégico para o negócio, que de repente aparece com um atestado médico de afastamento por 120 dias devido a burnout ou depressão. O impacto não é apenas emocional — causa preocupação, culpa, sobrecarga e insegurança para a liderança e colegas. Além disso, o prejuízo para o negócio é imediato: perda de projetos, atraso em entregas, redução de produtividade e custos com contratações ou realocações. Como evitar que isso aconteça? O ponto mais importante é criar ambientes seguros, com abertura para conversas francas sobre saúde mental e instrumentos de apoio imediato, além de uma cultura que promova o equilíbrio e o respeito aos limites individuais.
Para transformar esse cenário, é essencial que as empresas enfatizem a criação de uma cultura que valorize a saúde mental, não apenas para cumprir normas, mas para promover um ambiente de trabalho mais humano, inclusivo e produtivo. A cultura de uma empresa é o alicerce sobre o qual se constroem as relações humanas internas. Ela define comportamentos, expectativas e valores que guiam a equipe no dia a dia. Quando uma cultura organizacional é voltada para o bem-estar psicológico, ela proporciona um ambiente onde os colaboradores se sentem valorizados, ouvidos e respeitados. Uma cultura organizacional sólida e inclusiva pode ser um diferencial significativo para a saúde mental dos colaboradores. Ambientes que promovem a comunicação aberta, reconhecimento, e suporte mútuo tendem a iluminar aspectos como confiança e satisfação no trabalho, essenciais para o bem-estar mental.
Outro ponto fundamental é o papel das políticas antiestigma. Para que qualquer iniciativa produza resultado real, é imprescindível que a empresa declare, na prática, zero tolerância a atitudes preconceituosas e discriminatórias contra quem enfrenta desafios de saúde mental. Ao falar abertamente sobre o tema, compartilhar histórias reais, estimular escuta ativa e capacitar gestores para lidar com o tema sem tabus, cria-se confiança e respeito no ambiente de trabalho, derrubando barreiras para o pedido de ajuda e prevenindo crises.
Para ir além do mero cumprimento normativo, empresas precisam se perguntar se suas culturas promovem realmente um ambiente de suporte à saúde mental.
Exemplo que vem da liderança
Em conversa com a nossa fundadora e consultora, Luana Pace, pudemos observar a questão através de uma lente pouco abordada: a importância da alta liderança ser o exemplo de autocuidado, principalmente quando o assunto é saúde mental. “Eu trago este ponto de atenção para os sócios e fundadores, pois em geral todos falam muito sobre a saúde mental dos colaboradores e as pressões psicológicas sofridas pelas lideranças, que sim são muito relevantes e precisam ser cuidadas e de preferência eliminadas.
Em convivência constante com muitos donos de negócios e alta liderança também presencio neles um desgaste emocional muito grande derivado de diversos fatores como mudanças rápidas do mercado, desafios financeiros, jurídicos, tributários, troca constante de equipe, pressões da concorrência, da família (muitas empresas são familiares), e muitos outros fatores.
Quando o empreendedor ou líder tem sua saúde mental abalada isso consequentemente impacta a empresa como um todo. É quase como um efeito dominó, o stress e a pressão vai passando sucessivamente do empreendedor, para o líder, do líder para o colaborador, e inevitavelmente uma hora isso chega até o cliente. Este cenário quando se repete com frequência acaba se tornando inclusive uma característica cultural, incorporando ao DNA da empresa, assim construindo uma cultura que acaba carregando características de um ambiente tóxico para se trabalhar.
Portanto falar de saúde mental é falar de cultura. Seguir uma programação de ações isoladas com foco na NR-1 não são suficientes, se a essência da cultura continuar estimulando relações conflituosas, desgastantes e tóxicas que vão gerar problemas de saúde no futuro.
As ações planejadas com foco em saúde mental são essenciais e devem ser feitas junto com o alinhamento de uma cultura que trabalha o cuidado com o indivíduo e as relações na sua essência.
Por isso no Instituto Mudita é frequente começarmos o trabalho de Cultura Organizacional através do autoconhecimento dos sócios e da alta liderança, pois acreditamos que as mudanças de comportamento precisam acontecer “top down”, ou seja, da alta liderança para os colaboradores.
Eles são o exemplo da cultura, portanto se queremos uma empresa que cuida verdadeiramente da saúde mental dos colaboradores é fundamental o início da transformação através da alta liderança.”
Pergunta de reflexão: Como os líderes podem cuidar da sua equipe se não cuidarem da sua própria saúde mental?
Como construir um programa de saúde mental eficaz?
Devido à complexidade, profundidade e impacto do tema, podemos dizer que existem diversos caminhos de solução para promover a saúde mental no ambiente de trabalho. O caminho que trará mais resultados para você e a sua empresa depende da compreensão das necessidades específicas dos colaboradores, da cultura organizacional vigente e das condições únicas de mercado em que a empresa atua. É essencial realizar uma avaliação cuidadosa para identificar prioridades e desenvolver estratégias personalizadas.
Porém, podemos destacar alguns elementos fundamentais como:
- revisão da identidade cultural da empresa;
- capacitação das lideranças para lidarem com essas questões;
- desenvolvimento de programas de apoio ao colaborador;
- e estruturas de feedbacks frequentes.
Revisar a identidade cultural da empresa é um passo crucial para promover a saúde mental no trabalho. Isso envolve redefinir valores e práticas que sustentam o bem-estar dos colaboradores. Uma identidade cultural inclusiva e solidária não apenas atrai talentos, mas também retém profissionais ao criar um ambiente onde todos se sentem valorizados e respeitados. Essa renovação cultural requer o compromisso de toda a organização para implementar mudanças significativas e sustentáveis.
“Ao revisar a identidade cultural de uma empresa é possível se reconectar com aquilo que de fato move a empresa e suas relações. Mais do que frases bonitas na parede, a identidade cultural deve refletir o que, por que, para quem e o como a empresa faz o que faz. Então, antes de ajustar sua cultura e incluir pontos relacionados à saúde mental somente para se adequar a uma norma, a empresa deve mergulhar fundo em sua essência e entender o seu jeito de ser e como isso se conecta com o bem-estar no ambiente de trabalho. Aqui no Instituto Mudita nós apoiamos esse momento de duas formas mais específicas: trabalhando com o empreendedor/CEO/Diretoria o autoconhecimento e suas motivações mais profundas; e com a equipe no sentido de entender a cultura vivida no dia a dia e dar oportunidade de contribuir com a identidade cultural que se quer.” Carolina Léo – Sócia e Consultora do Instituto Mudita.
Para saber mais sobre essas duas frentes de trabalho, entre em contato conosco através do Whatsapp.
Já quando o assunto envolve a capacitação das lideranças é preciso fortalecê-la tanto em assuntos diretamente relacionados à saúde mental, quanto como multiplicadores da cultura. A formação contínua em inteligência emocional e o desenvolvimento de habilidades de comunicação e conexão garantem que as lideranças estejam mais preparadas para criar um ambiente que fomente a resiliência e a confiança entre os colaboradores, reforçando uma cultura de cuidado e empatia.
Na mesma medida, um líder que é exemplo de uma cultura que tem a saúde mental como um de seus pilares, naturalmente reforça esse comportamento em todos os momentos do seu dia e em todas as relações de trabalho. “Na minha experiência como gestora e psicóloga, entendo que o desenvolvimento de ações preventivas é sempre o melhor caminho. Portanto, é importante estimular que sejam feitas ações frequentes relacionadas ao tema como bate-papos abertos entre o time, dinâmicas de grupo, trazer temas relacionados à qualidade de vida, estimular momentos de descontração e descompressão, tornando o clima leve e propício ao bem-estar geral.” Luzia Martinez, psicóloga e parceira do Instituto Mudita.
Outro ponto importante é desenvolver programas de apoio ao colaborador como uma prática essencial para integrar a saúde mental nas estratégias organizacionais. Estes programas podem incluir serviços de aconselhamento, sessões de treinamento sobre bem-estar e iniciativas que geram bem-estar. Ao oferecer suporte dedicado, as empresas demonstram o reconhecimento de que a saúde mental é uma prioridade, reduzindo o estigma e promovendo um ambiente mais saudável e produtivo.
“É importantíssimo que a empresa tenha programas voltados para saúde mental que fale abertamente sobre o tema. Nesse sentido, podemos destacar a realização de palestras com especialistas externos para trazer maior relevância ao tema, indicação de leituras e atendimento psicológico disponível para lidar com situações pontuais.” – psicóloga e parceira do Instituto Mudita, Luzia Martinez.
É importante ressaltar que, mesmo com ações preventivas e educativas, situações críticas podem surgir — como crises de ansiedade, pânico ou quadros severos de sofrimento psíquico. Por isso, um passo prático e indispensável é a criação de protocolos claros para acolhimento imediato em situações críticas. Preparar líderes para identificar rapidamente sinais de instabilidade emocional e agir com empatia e orientação adequada reduz danos, previne agravamento e mostra ao time que a empresa realmente prioriza o cuidado.
O desenvolvimento de estruturas de feedbacks frequentes está muito alinhado à criação de uma comunicação aberta e contínua entre colaboradores e gestores. Esses mecanismos permitem a identificação precoce de problemas e a avaliação de iniciativas em tempo real. Através de feedback regular, as empresas podem ajustar suas práticas rapidamente, garantindo que as necessidades de saúde mental dos colaboradores sejam atendidas de maneira dinâmica e eficaz. Por isso, antes de tudo, é necessário que o líder tenha uma conexão e uma proximidade importante com o seu time para que ele possa observar e perceber diferenças no comportamento de cada colaborador.
“Por exemplo, se um colaborador é muito falante, alegre, divertido, extrovertido e de repente ele começa a ficar muito quieto num canto, participar menos das interações e até mesmo a queda de produtividade, ou seja, agir de forma diferente do que habitual, isso é um sinal de alerta. Esses tipos de mudanças de comportamento devem chamar a atenção do gestor para a importância de uma aproximação para entendimento das motivações para essa mudança.” Luzia Martinez, psicóloga e parceira do Instituto Mudita.
Por fim, o incentivo ao protagonismo e autogestão do bem-estar é uma tendência relevante. Empresas que investem em programas e ferramentas que ajudem os próprios colaboradores a identificar e cuidar de sua saúde mental — como aplicativos de apoio emocional, espaços de descanso, campanhas de autocuidado e flexibilização de rotina — constroem times mais autônomos, responsáveis e engajados, reduzindo riscos e prevenindo afastamentos prolongados.
Agora reflita: sua empresa promove a saúde mental?
Ao longo deste artigo trouxemos alguns dos vários elementos que envolvem a saúde mental no ambiente de trabalho. Poderíamos passar horas (e páginas) tratando das origens, impactos e soluções desse assunto nas empresas e nos indivíduos. Porém, a pergunta central é: sua empresa promove a saúde mental?
Seja através da identidade cultural, da liderança, dos treinamentos e capacitações, das certificações, ou o que mais for, o importante é que os colaboradores de fato vivam num ambiente de trabalho mais saudável, produtivo e acolhedor onde haja comunicação aberta e, principalmente, adequado para desenvolver suas potencialidades.
Por isso, convidamos você a responder um breve questionário para diagnosticar como está a maturidade da cultura na sua empresa. É simples, rápido, gratuito e o resultado sai na hora. Desta forma, você poderá ter um termômetro de quanto a Cultura da sua empresa está apoiando ou prejudicando o seu ambiente de trabalho, relações e resultados. CLIQUE AQUI e responda agora mesmo!
O Instituto Mudita está aqui para apoiar empresas como a sua a trazer clareza de propósito e objetivos futuros para todos da organização, através da construção de uma cultura única, forte e saudável, para que lideranças e colaboradores, cada um entregando o seu melhor, possam juntos apoiar a empresa a gerar resultados e alcançar objetivos.