A nova Norma Regulamentadora NR-01 chegou para mudar a forma como pensamos em saúde e segurança no ambiente de trabalho. Agora, o foco não é apenas lidar com casos agudos de forma pontual, mas sim prevenir problemas, agindo de forma estratégica com o Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (GRO) e o Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR).
Isso quer dizer que, além dos riscos físicos, as empresas precisam olhar para algo cada vez mais importante: a saúde mental da sua equipe. A NR-01, mesmo sem citar explicitamente, nos convida a entender como o dia a dia da empresa pode afetar o bem-estar psicológico dos seus colaboradores.
Se você se pergunta ‘por onde começar?’, a boa notícia é que trouxemos um guia prático! Neste artigo, vamos mostrar por que ignorar a saúde mental custa caro, como a cultura e a liderança da sua empresa podem ser seus maiores aliados, e um plano de 90 dias para você começar a agir, gerar resultados e construir um ambiente de trabalho mais saudável e produtivo.
É sua chance de fazer a diferença!
Qual o custo de ignorar a saúde mental no trabalho?
Quando a saúde mental não vai bem no trabalho, as pessoas sofrem, e o seu negócio sente no bolso. Não é só uma questão de bem-estar, é de produtividade e resultados.
No cenário mundial, os números são alarmantes: A OMS (Organização Mundial de Saúde) e a OIT (Organização Internacional do Trabalho) estimam que a depressão e ansiedade causam a perda de 12 bilhões de dias de trabalho por ano, custando impressionantes US$ 1 trilhão anualmente em produtividade global. A pesquisa Gallup revela ainda que 44% dos trabalhadores sentem muito estresse, e essa falta de bem-estar custa à economia global US$ 8,8 trilhões em produtividade. Um estudo da Deloitte no Reino Unido aponta que a maior parte dos gastos para as empresas vem do presenteísmo – o funcionário que está presente, mas com baixa performance – seguido por faltas (absenteísmo) e rotatividade.
No Brasil, a realidade não é diferente: A OMS (Organização Mundial de Saúde) indica que nosso país está entre os que possuem alta prevalência de ansiedade (9,3%) e depressão (5,8%). Isso aumenta o risco de impactos no trabalho se sua empresa não oferecer o suporte adequado. Além disso, o Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho mostra que problemas de saúde mental são uma das principais causas de afastamentos e benefícios por incapacidade.
Em resumo, esses dados nos dizem 3 coisas importantes:
- Menos produtividade e mais erros: Estresse, ansiedade e depressão crônicos diminuem a produtividade, aumentam erros e retrabalho.
- Presenteísmo custa mais que absenteísmo: O funcionário que está na empresa, mas não rende, pode custar mais do que o que está afastado.
- Investir Compensa: Programas bem pensados de saúde mental trazem um retorno de 4 a 7 vezes o valor investido!
Para a NR-01, isso significa: não dar atenção aos fatores psicossociais não é só descumprir uma regra; é uma decisão de alto risco para o seu negócio.
Como a cultura da sua empresa apoia a promoção da saúde mental?
A cultura é a identidade do seu negócio que orienta o “jeito de ser” da empresa, ela é composta por vários elementos como: propósito, missão, visão, valores, comportamentos valorizados, comportamentos não tolerados etc., todos estes elementos quando colocados em prática pelas lideranças e colaboradores se consolidam na cultura da empresa.
A cultura ela pode tanto ser favorável ao crescimento do negócio, ou seja, positiva para a empresa construir um ambiente saudável, produtivo e que fortalece o crescimento, quanto pode ser uma cultura tóxica, que favorece o esgotamento, a geração de conflitos e consequentemente prejudica a saúde mental.
Como uma cultura positiva pode na prática preservar e cuidar da saúde mental?
- Criando um ambiente de confiança, seguro para falar: Onde as pessoas se sentem à vontade para expressar ideias, pedir ajuda ou admitir erros sem medo de serem julgadas. Isso reduz o estresse e aumenta a colaboração.
- Definindo limites saudáveis: Regras claras sobre horários de trabalho, pausas e o tempo para se desconectar ajudam a evitar a sobrecarga.
- Quebrando preconceitos: Uma comunicação aberta e líderes que dão o exemplo, falando sobre bem-estar, expondo suas vulnerabilidades, abordando assuntos sobre saúde mental, diminuindo o estigma sobre o tema.
- Promovendo justiça e clareza: Metas transparentes, avaliações justas, regras que valem para todos, sem privilégios, e canais para expressar opiniões reduzem a sensação de injustiça.
- Incentivando a autonomia: Dar espaço para as pessoas organizarem suas tarefas, escolherem como querem desenvolvê-las, negociarem prazos e participarem de decisões. Tudo isso aumenta o engajamento, pertencimento e diminui a tensão.
- Adotando rotinas de gestão eficientes: Clareza de objetivos e resultados, check-ins regulares, feedbacks construtivos e gestão clara de prioridades e demandas.
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Como a relação entre líder e liderado impacta nas ações da NR-01?
Se a cultura é a alma da empresa, a relação entre líder e equipe é onde tudo acontece. Os líderes são a linha de frente para identificar e resolver problemas de saúde mental, e são essenciais para colocar a NR-01 em prática.
É por meio dessa relação que os líderes:
- Identificam problemas na raiz: Eles veem de perto a sobrecarga, os conflitos, as metas apertadas, a falta de autonomia e o excesso de reuniões, sendo eles cruciais para mapear esses “perigos” e entender o impacto.
- Agem para corrigir: Lideranças maduras devem ajustar as demandas, redistribuir tarefas, definir prazos mais realistas, simplificar processos e garantir momentos de foco para a equipe.
- Acompanham os resultados: o monitoramento de indicadores como horas extras, volume de tarefas por pessoa e até o uso de programas de apoio, se mostra como um termômetro para definição de ajustes que promovam um ambiente mais saudável.
- Cuidam e orientam: Através de conversas regulares, feedbacks e um caminho rápido para o suporte (como o médico do trabalho ou programas de assistência), o que ajuda a prevenir que pequenos problemas se agravem.
- Garantem a conformidade: A responsabilidade de documentar riscos, ações e evidências é vital para atender à NR-01 e para que a empresa aprenda e melhore continuamente.
“Por isso que nós do Instituto Mudita trabalhamos pautado em 03 pilares: Cultura, Liderança e Gestão. Através de uma cultura bem definida e forte dentro da empresa, líderes maduros, autorresponsáveis e multiplicadores dessa cultura, e gestão adequada de processos, performance e clima, é possível gerar um equilíbrio saudável e sustentável para as empresas e colaboradores, gerando mais resultado, produtividade, engajamento e conexão.” Carolina Léo, sócia e consultora do Instituto Mudita.
Em suma: investir na capacitação dos seus líderes é a forma mais eficaz de criar um clima saudável e garantir que as estratégias de saúde e segurança sejam realmente implementadas, e neste ponto nós temos toda experiência e soluções para te apoiar neste processo. Clique aqui e converse com um dos nossos consultores.
Por onde começar a jornada de adaptação para a NR-01?
Sabemos que começar pode parecer um desafio. Por isso, preparamos um roteiro de 90 dias para você iniciar sua jornada em direção à NR-01 e a um ambiente de trabalho mais saudável. O objetivo não é resolver tudo de uma vez, mas sim começar a se movimentar, coletar informações e construir confiança com sua equipe e caso precise de apoio nesta jornada pode contar com a nossa equipe de especialistas.
⇒ Dias 1-30: Entendendo o cenário atual
Neste primeiro mês, o foco é escutar e entender o que está acontecendo na sua empresa. Para isso:
- Ouça sua equipe: Converse com pessoas de áreas diferentes (entrevistas, grupos de conversa). Escolha 2 a 3 áreas que mostrem sinais de alerta (muitas demissões, horas extras, queixas frequentes etc.). Entenda as demandas do trabalho (ritmo, prazos), os recursos disponíveis (apoio, ferramentas), o clima da equipe (respeito, conflitos) e a organização do dia a dia.
- Analise os dados: Veja informações de RH e Saúde/Segurança (últimos 12-24 meses), como faltas, rotatividade, horas extras, uso de programas de apoio e incidentes que podem ter relação com o bem-estar.
- Mapeie os desafios principais: Com base no que você ouviu e nos dados, identifique os 3 a 5 maiores “perigos” psicossociais que podem afetar sua equipe (ex: sobrecarga, falta de autonomia, liderança autoritária, pressão com prazos e metas, assédio, etc.) e priorize os riscos que têm maior impacto e que você pode realmente resolver.
- Defina como você vai medir: Escolha alguns indicadores simples para acompanhar o progresso, como o número de reuniões por pessoa, a quantidade de mensagens fora do horário de trabalho, ou a autoavaliação de carga da equipe, etc.
- Peça ajuda: caso essa primeira fase seja complexa e você perceba que existem barreiras de tempo, ferramentas, conhecimento ou aderência, peça o apoio de profissionais especialistas em mapeamento de riscos psicossociais para apoiar nesse momento.
Ao final dos 30 dias, você terá um mapa dos principais desafios de cada área, uma lista clara dos riscos mais importantes, seus primeiros indicadores para acompanhar o progresso e um relatório do que foi ouvido, preservando o anonimato.
⇒ Dias 31-60: Agindo e capacitando
Agora é a hora de colocar a mão na massa e preparar sua equipe:
- Crie soluções com a equipe: Trabalhe junto com os times para encontrar respostas para os riscos priorizados. Por exemplo, se a sobrecarga é um problema, defina limites de tarefas em andamento ou regras claras para urgências. Se há muitas reuniões, crie acordos sobre horários, duração e pautas. Se as metas são irrealistas, revise-as com clareza. Se o problema são conflitos, relembre a identidade cultural, o código de conduta e promova treinamentos de comunicação.
- Capacite seus líderes: Ofereça treinamento para que eles saibam como fazer check-ins, dar feedbacks, gerenciar a carga de trabalho da equipe e identificar sinais de estresse. Forneça roteiros para conversas, checklists para reuniões saudáveis e informações sobre como encaminhar alguém para apoio profissional. É importante também capacitar o líder para ter um olhar atento e acolhedor para os desafios dos colaboradores e uma escuta ativa e empática, geralmente são nestas conversas que o colaborador se abre para dar sinais que está precisando de ajuda. Lembre-se é importante criar o hábito de ter conversas sobre a relação com o seu time e não somente sobre trabalho.
- Registre tudo no PGR: Atualize seu Programa de Gerenciamento de Riscos com as ações planejadas, os responsáveis e os prazos, encarando essas mudanças como projetos-piloto para ver o que funciona melhor.
Ao final dos 60 dias, você terá um catálogo de soluções criadas com a equipe, líderes treinados e com ferramentas práticas e um plano de ação estruturado e registado.
⇒ Dias 61-90: Experimentando e consolidando
Nesta fase, você testará as soluções, ajustará o que for preciso e começará a ver os resultados:
- Teste as soluções: Implemente os “pilotos” nas áreas escolhidas, monitore os indicadores e faça ajustes. Faça reuniões curtas e regulares com as equipes para entender o que está funcionando, o que precisa parar e o que pode começar diferente.
- Transforme em rotina: Formalize as práticas que funcionaram, como um calendário de check-ins, pautas padrão para reuniões ou políticas de pausas e desconexão. Considere criar um “Manual de Rotinas Saudáveis” para todos na empresa.
- Apresente os resultados: Compartilhe seus aprendizados, as pequenas vitórias e os próximos passos com os colaboradores, buscando manter o engajamento para o futuro e garantindo os recursos para continuar evoluindo para os próximos ciclos.
Ao final dos 90 dias, você terá relatórios dos testes com provas de que funcionam, novas rotinas e políticas de trabalho formalizadas e comunicadas, um reporte executivo com os ganhos, o plano de escala e o cronograma dos próximos passos.
Dica: sempre alinhe todas as ações criadas com a cultura da empresa. É muito importante que a cultura também faça parte deste processo de cocriação e seja um guia para que as ações façam parte do DNA da empresa reforçando comportamentos que ser quer.
Veja abaixo alguns elementos cruciais a serem observados durante a execução do seu plano de ação:
Conclusão: Por que investir na saúde mental nas empresas vale a pena?
Atender às exigências da NR-01, especialmente no que diz respeito à saúde mental e riscos psicossociais, é muito mais que uma obrigação legal. É uma oportunidade de ouro para criar um ambiente de trabalho mais humano, produtivo e sustentável.
Ignorar este tema custa caro gerando baixa produtividade, talentos perdidos e até na reputação da sua marca. A boa notícia é que você tem em suas mãos as ferramentas: uma cultura que direciona e favorece a construção de ambientes saudáveis e de bem estar, líderes capacitados e maduros que geram conexões genuínas com seus colaboradores, e rotinas que atacam os problemas pela raiz.
Com este plano de 90 dias, você não apenas estará mais alinhado com a NR-01, mas estará construindo um futuro para sua empresa onde o bem-estar e a performance andarão de mãos dadas.
E caso precise de apoio para implantar o projeto de Saúde Mental em 90 dias conte com o Instituto Mudita nossa consultoria pode apoiar o seu negócio em cada uma das fases, e também a construir uma cultura de confiança que favorece a construção de ambientes saudáveis e de bem-estar. Entre em contato através do nosso Whatsapp!
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